Proposta de Redação: Homofobia em questão no Brasil

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: Homofobia em questão no Brasil
Apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
A homofobia, que ainda não é considerada crime no país, provocou pelo menos 216 assassinatos de janeiro até o dia 21 de setembro deste ano, de acordo levantamento do Grupo Gay da Bahia, que, na ausência de informações oficiais sobre uma prática que não é discriminada nos boletins de ocorrência, é referência sobre o tema no país.
Segundo o grupo, em 2013 o número de assassinatos chegou a pelo menos 312 — o que corresponde a uma morte a cada 28 horas.

TEXTO II
Mais da metade dos 513 deputados que assumem a Câmara a partir deste domingo (1º) é favorável a transformar em crime a prática da homofobia (discriminação contra homossexuais). Levantamento do G1 indica que 261 (50,8%) apoiam a punição a quem praticar ato discriminatório; 136 (26,5%) são contra; e outros 116 (22,6%) não responderam.
A criminalização da homofobia causou polêmica na disputa presidencial no ano passado. Em agosto, um dia após divulgar seu programa de governo, a então candidata a presidente pelo PSB, Marina Silva, retirou o trecho que defendia um projeto em tramitação no Congresso que criminaliza a homofobia.
À época, a assessoria da campanha de Marina informou em nota que o texto inicialmente divulgado não retratava “com fidelidade os resultados do processo de discussão sobre o tema durante as etapas de formulação do plano de governo”.

TEXTO III


Eu tava cheirando a cigarro. Se eu entrasse em casa assim, primeiro minha mãe, meu pai e minha irmã iam logo querer questionar quem estava fumando o quê e depois que descobrissem me mandariam pra cadeira elétrica ou algo parecido.
Escalei outra vez a árvore. Benza a Deus e ao cara que a plantou perto da varanda. Me safou de várias coisas nesse pouco tempo aqui.
Sentei no maior galho que ela tinha. Reparei que ela estava bem bonita, com folhas verdes muito vivas. Talvez fosse pela chuva que deixava sempre úmida e também bem confortável pra mim. Lá era um lugar em que tu vê todo mundo mais ninguém te vê devido ao excesso de folhas que ela tinha e à minha pequena estatura.
Anoitecia e enquanto meus pensamentos se dividiam entre as palavras da Steph, o Lucas e algumas trivialidades, um barulho me chamou atenção. Era o namorado da minha irmã. Tudo bem que ele só tava alí pela frente olhando. Devia estar querendo conhecer um pouco mais por aqui. Normal.
NORMAL O CARALHO! Senti um calafrio percorrer todo meu corpo quando ele levantou um pouco os braços e eu pude ver uma arma presa ao cós da calça do filho da puta. O que a minha irmã fazia com um cara desses? E pior, por que ela o trouxe pra cá? Tudo bem que minha irmã não era nenhuma santinha e nenhuma desgraçada também. Ela tinha o jeito todo babaca dela mais ainda sim era minha irmã. Minhas mãos estavam geladas.
Nossa vizinha ia passando na rua. Uma coroa daquelas que os guris dizem ‘boazuda’. O namorado sinistro da minha irmã nem deixou passar batido. Deu um assovio daqueles de cara que não presta mesmo e a vizinha olhou. Pude ver o sorrisinho que ele mandou pra ela, que foi entrando toda assustada em sua casa. Não é pra menos. Eu tinha que tirar isso a limpo.
Num salto, passei pra minha varanda e desci rapidamente. Cheguei perto da minha mãe e meu pai que estavam na sala vendo tv. Minha irmã devia estar no banho de beleza dela ou qualquer idiotice que ela fazia como um ritual. Fui falando, muito rápido. Eu não tava com medo por mim, e sim pela minha família.
Eu: Pai, mãe, aquele filha da puta lá fora tem uma arma. Liga pra alguém, pra polícia. Vamos sair daqui antes que ele saiba que nós descobrimos. Ele, ele é um malandro. Vadia, vadia Alice. Ela devia saber. Perguntem a ela!
Pai: Calma, Victória. O que você acha que está dizendo? Nós também não gostamos dele. Mas fazer o quê? Sua irmã o trouxe, temos que ser hospitaleiros apesar das diferenças.
Eu: Mas, pai…
Mãe: Sim, filha. Você deve estar vendo coisas. Tudo bem que você não foi com a cara do rapaz. Mas inventar uma coisa dessas já é demais.
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele vinha entrando.
Mãe: Olá Robert. Não quer um sanduíche? Eu já estava indo fazer pra Alice. HAHAHA. Sente-se aí.
Robert: Eu atrapalhei alguma coisa? Não quero incomodar.
Sínico. Fez uma cara dócil, erguendo as sobrancelhas como quem não sabia de nada, mas que não ia me enganar. Não mesmo.
Pai: HAHAHA. Quê isso! A Vick já estava subindo. Apenas problemas de adolescentes. HAHA. Você gosta de futebol? (…)
Meus pais me tratando como se eu fosse a estranha e ele o cara mais gentil do mundo. Argh.
Subi com o sangue fervendo. Tentei relaxar um pouco e coloquei o cd Revanche da Fresno. Se eu não me acalmasse, pelo menos cantando a raiva espairecia um pouco.
“Você pegou o que eu mais queria
Guardou dentro de uma caixa vazia e, eu sei
Não há mais nada a dizer”
As horas corriam quando eu ouvia música. Eu sabia que em alguns minutos minha mãe chamaria para o jantar. Decidi sair de casa antes que isso acontecesse. Eu não tava afim de olhar pra cara daquele sequelado e a Steph acreditaria em mim. Eu apenas não sabia onde encontrá-la, mesmo assim, pulei da varanda na árvore e quando finalmente cheguei no chão. Mal me virei.
Robert: Então você não me quer perto de sua família, não é? Victória.
Ele pronunciou meu nome quase que cuspindo. Minha garganta secou. Tentei raciocinar um pouco mas desta vez não me calei. Já fiquei sem saber o que falar muitas vezes, mas agora não seria assim. Pensei em correr, gritar. Mas não sou uma menininha covarde. NÃO VOU TER MEDO.